A primeira temporada saiu sexta-feira (5) e eu ouvi muito sobre logo de imediato. Na verdade, ouvi ainda antes, quando o trailer saiu. E eu preciso dizer que a premissa da história, o que o trailer nos apresenta, é muito, mas muito pouco sobre o que a série realmente é. 

The End of the F***ing World

Sinopse:

"James tem 17 anos e acha que é um psicopata. Ele acredita não sentir emoções e quer cometer seu primeiro assassinato. Ao conhecer a problemática Alyssa, ele vê nela a vítima perfeita. Os dois caem na estrada e o fato de James se apaixonar por Alyssa atrapalha seu plano de cometer o primeiro crime."
Assisti ao trailer, resolvi dar uma chance. Foi satisfatório ver o primeiro episódio passar em menos de 20 minutos. E quando vi que eram 8 episódios, percebi que seria muito bom e fácil gastar algumas duas horinhas nessa maratona, mesmo sem saber muito o que me prometia. 
Contudo, não foi difícil me envolver com os personagens. Devido aos episódios serem ligeiros, a forma como acontecem tão rapidamente, nos fazem aprofundar nos personagens. James pensa ser um psicopata. E pensa que não consegue sentir nada. Alguns acontecimentos anteriores não permitem que ele se deixe sentir. E uma série de coisas acontecem tentando nos convencer de que ele realmente é psicopata. Ele nunca havia matado uma pessoa, até que essa "vontade" o aconteceu e Alyssa pareceu ser o alvo perfeito. De princípio, a garota aparenta ser detestável. E eu abro aqui um espaço para dizer o quanto eu odiei a presença dela nos primeiros episódios - sem falar que todos os problemas que acontecem são culpa dela. Ela é irritante com todas as pessoas, fala palavrão como quem diz "bom dia" e sem nenhum esforço me fez acreditar, lá pelo meio da temporada, que eu não ia gostar de fato de nenhum personagem.


Os outros são trazidos de forma temporária, insignificantes até certo ponto. Mas um cenário diverso é visto entre as relações. Temos duas policiais homossexuais, a mãe de Alyssa vive um relacionamento abusivo, no meio do caminho eles se deparam com assediadores... O que faz não parecer que os episódios têm apenas 20 minutos.
A aventura começa quando Alyssa, farta da vida que tinha em casa, decide fugir e encontra em James o parceiro perfeito. A partir disso, eles começam a fazer uma série de besteiras, bobagens muito surreais mesmo. Ela só queria dar um basta na vida que tinha; ele, procura ocasiões perfeitas para o seu primeiro crime em uma pessoa. E por mais que eu soubesse que aquilo ali se encaminhava para um desfecho péssimo para os protagonistas, eu me peguei diversas vezes torcendo por eles, ansiosa para saber se eles ficariam bem. Porque a grande questão disso tudo é que se pôde perceber e conhecer outras pessoas dentro deles mesmos. Eles próprios se descobriram.

"Nunca fui o protetor da Alyssa. Ela era minha protetora."

A série é repleta de humor obscuro. Dentre os comentários que vi anteriormente, a grande queixa relacionou-se com a romantização da psicopatia, comparando-se à série 13 Reasons Why, que é unânime se dizer que esta romantizou o suicídio. Na opinião de leiga que posso proferir em meu nome, prefiro dizer que não. Não há uma romantização porque a série não se trata da afirmação de que James é um psicopata e que isso pode desencadear surtos do tipo. Ela se trata exatamente da negação, da forma como ele descobriu o "sentir" e isso, sim, graças à inconsequente Alyssa. 
Algo que é bastante simples de perceber é a evolução dos personagens - não que necessariamente todos concordem que seja positiva -, em que ambos começaram de um jeito e mais próximos do final, vimos quase que personagens diferentes. A série assume novos cenários, novos objetivos, o que me fez pensar, ao chegar ao fim, além de que o diretor/produtor/whatever foi trocado no meio da temporada, que a temática inovadora no que tange ao James se enquadrar como um psicopata não é bem tão importante. Na verdade, é uma das coisas menos relevantes. Acredito que o trailer e a atmosfera construída para divulgar a série não fez o seu trabalho direitinho.


Para as considerações finais, tomei nota de que muitos acontecimentos são bastantes previsíveis, não se esforçam para fugir do clichê de forma alguma; a trilha sonora é boa, foi uma das coisas de que eu mais gostei; durante as cenas, a "consciência" dos protagonistas comentam os acontecimentos como se eles estivessem assistindo conosco, o que eu também gostei bastante e o que nos propõe que aquilo é um reflexo da cabeça adolescente: as atitudes inconsequentes, a vontade de fugir, a incompreensão para com os pais (apesar de que alguns não são exatamente bons exemplos). Eu também gosto do casal esquisito e surreal que foi formado. A rapidez com que tudo acontece e o fato de ter seus aspectos cômicos me dizem que não foram duas horas perdidas. Eu com certeza esperava outro final e eu realmente quis cancelar minha conta da Netflix no mesmo instante em que a tela ficou preta. Mal posso esperar para saber se haverá uma segunda temporada e, assim, ver qual será a sua continuação.


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