Arrumava meu guarda-roupa quando encontrei um álbum de fotos de quando eu era criança. A foto que mais me chamou atenção foi uma de quando eu tinha sete anos. Dez anos atrás e eu nem imaginava metade das coisas que me aconteceram. E eu fiquei pensando que, se eu pudesse, eu diria algumas coisas para aquela menininha que tão pouco sabia sobre a vida e sobre tudo. Eu diria para ela não perder tanto tempo com coisas fúteis. Diria para não ser materialista - a coisa mais bonita e honrosa que podemos ter, o amor, não é material; desprenda-se. Eu diria para ser forte, pois a fase mais difícil de sua vida começaria em poucos anos e ela precisa estar preparada. Diria para não se preocupar com coisas bobas agora, para não chorar à noite por medo, nem evitar o sono por não querer ter pesadelos. Diria para dormir e sonhar enquanto pode. Diria para abraçar forte os seus pais, pois com o tempo eles desistirão de tratá-la como menininha - por mais que digam que para sempre ela será a sua menininha. Diria para correr, pular, gritar, dançar, e fazer o que quiser; quando se é criança, as pessoas têm cautela ao julgar e as responsabilidades ainda não são capazes de privá-la de qualquer coisa. 
Eu a diria para andar com as pessoas certas, pois elas serão o que fará o caminho valer a pena. Também diria para não ter medo da mudança. De seguir o fluxo e, assim, não se machucar. Eu a diria para preservar os cafunés de avó e os dias em que acordava cedo para assistir desenho, mesmo que só estudasse à tarde e pudesse dormir mais um pouco. Eu a diria que nem tudo é como os filmes contam, nem mesmo o Ensino Médio, e diria que aquela sua ideia de que com 15 anos muita coisa já vai estar como nossos sonhos, é uma pura utopia. Melhor dizendo, é um sonho de garota criada pela Disney. E eu não estou dizendo que é errado; só que a vida real é um pouco mais amarga.
Para eu de 7 anos, eu diria que dez anos depois, apesar dos pesares, eu estou feliz. E que os cortes, as dores, todas as lágrimas que nós derramamos, serão necessárias. Mas passarão. Ah, e antes que eu me esqueça: eu diria para aquela menininha se amar, independente de seu corpo, seus ideais e as pessoas ao seu redor. Diria para olhar-se no espelho e ver-se bonita, gostar de si mesma para que, depois, não seja tão difícil reconstruir uma autoestima tão acabada. E, claro, diria que ela vai amar muito! Todas as pessoas que ela puder. E vai querer levar um monte delas consigo para sempre. E tem uma, em específico, que ela quer realmente preservar, cultivar, amar, cuidar... Por toda a vida. E ela, menina de 7 anos, não precisa se preocupar com isso agora. Apenas preocupar-se em ser grata pelo que ela tem no agora. Porque no tempo certo tudo vem a acontecer. Não vai ser diferente com ela. 

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