Hoje eu parei pra pensar se você viesse com um manual, um manual que me instruísse como lidar com você do início - quando as coisas eram maravilhosas - ao fim - quando eu tenho que aprender a te esquecer. No início, talvez em nem lesse. Não ia precisar. As coisas iam tão bem... Deixaria tudo rolar. Mas agora, vivendo o fim, eu certamente leria só com a esperança de encontrar na última página uma frase que me garantisse: tudo vai ficar bem. E era só isso que eu queria que alguém me dissesse. Antes, era você esse alguém. Mas sem você, eu preciso de qualquer outra pessoa que me diga que eu vou superar você. Eu preciso superar.
Sabe o que é pior? Não consigo te cortar de tudo - nem de nada, na verdade. Você ainda está em tudo o que é meu: nas coisas que eu escrevo, nos filmes que eu vejo, nas músicas que ouço. Em todo canto, aonde quer que eu vá, existe um pouquinho de você... E assim não dá pra esquecer. Talvez eu nem queira esquecer de fato, porque enquanto durou, eu quis que ficasse. Eu fiz questão de te impregnar na minha mente, guardar teu cheiro nos mínimos detalhes, te beijar toda vez como se fosse a última e tornar aquilo memorável - até encontrá-lo outra vez e de repente não encontrar mais. 
Escrevi uma história com você porque senti que era real. Achei  que fosse verdade, que de alguma forma fosse eterno - apesar de saber que o "para sempre" não se promete a ninguém. Mas eu queria de todas as formas que você fosse permanente como ninguém mais foi, porque você parecia ser o certo. E é incrível como a vida sempre dá um jeito de nos mostrar que não existe essa coisa de "manual", não existe uma fórmula para vivê-la. Eu quis mostrar pra vida que eu sabia de tudo, mas ela me mostrou prontamente que não adianta de nada ser cheio de certezas e não ter reciprocidade. 
Quando eu me pego esquecendo aos poucos, uma música nossa começa a tocar, um texto meu aparece diante dos meus olhos, e tudo volta. Sentir tua falta já é costume, uma rotina desde a hora que eu acordo até a hora de dormir, quando sonho com você e com seus olhos castanhos que já faz tempo desde a última vez que eu os vi de perto. E antes de dormir, nas minhas orações diárias, eu sempre peço para que Deus cuide ainda mais de ti agora, já que eu não tenho mais esse alcance. 
E essa é só mais uma carta que eu não vou conseguir terminar, porque dentre todas as coisas que eu aprendi com você, você nunca me ensinou a te dizer adeus.

N/A: Eu nunca vou saber me despedir.


Deixe um comentário