Para os que tiveram um ponto final,
Eu entendo a sua dor. É, às vezes nós precisamos ler ou ouvir isso de algum lugar. Eu entendo a sua dor. Eu sei que você ficou sem reação e sentiu seus pés afundarem cada vez mais no chão quando a viu indo embora depois de dizer que sabia que vocês não tinham mais jeito. Eu sei que você chorou como uma criancinha quando ele disse que achava que vocês não tinham mais futuro juntos. Eu sei que você quis morrer naquele instante em que tudo acabou, simplesmente porque não se via mais sem aquela pessoa. Mas eu sei também que você sabe que isso é momentâneo. Você sabe que essa dor de luto vai passar, que o fim desse relacionamento pode até trazer coisas boas para você. Eu sei que naquele instante, a sua maior vontade foi correr e segurar aquela pessoa, obrigando-a a ficar com você, do seu lado para sempre. Você quis isso, mais do que qualquer outra coisa no mundo, mas sabia que não podia fazer nada. Ela havia decidido ir embora, mesmo que um dia desses vocês tivessem conversado e decidido juntos que iriam tentar. E você não pode negar que vocês tentaram; não se sabe da outra pessoa, mas você fez de tudo para listar inúmeras vezes os motivos pelos quais você ama aquela pessoa. Sim, ama, no presente, porque mesmo que as coisas já não estivessem tão boas, o que vocês sabiam um sobre o outro e a convivência diária fizera com que surgisse o amor, de forma sublime e silenciosa. O amor está ali, gasto, surrado e cansado, mas está. E está ali para tentar fazer vocês recomeçarem, darem uma nova chance para si mesmos. 
Mas aí ele ou ela viu que não tinha como continuar. Ele ou ela descobriu que era hora de ir para casa e "casa" já não significava mais o seu abraço. As diferenças já eram grandes demais para suportar. Não havia mais espaço para ele ou ela respirar e você sabia disso, mas não sabia como dar esse espaço. Você não sabia o que fazer para fazer aquela pessoa ficar e nem sabia se queria mesmo que ela ficasse. Pode ser que ele ou ela tenha ido embora, mas talvez isso era uma coisa que você queria fazer, só não tinha coragem ou estava acostumado com aquela vida que tinham e achava que devia focar nela, mantê-la ali, como estava. E você deve admitir que aquilo que ele ou ela fez exigiu muita coragem. Aquilo os obrigou a quebrar laços fortes que vocês criaram juntos, de mãos dadas. E de repente, esses laços se desataram, as correntes que ligavam ambos se quebraram e mesmo que a última palavra tenha sido do outro, talvez você que tivesse sido o que sentiu mais alívio, mesmo que tenha doído mais no orgulho. Você deixou o outro ir, pois sabia que não tinha o direito de prendê-lo ali. Você o deixou ir, porque queria que se fosse com você, ele também tivesse lhe dado essa liberdade. Apesar dos pesares, indiretamente, este fim foi de comum acordo - porque caso contrário, é claro, você estaria agora mesmo na porta da casa dele ou dela, implorando para voltar. 
O alívio veio porque você queria aquilo. Você queria ir embora, mas não conseguia. Você o viu indo embora e mesmo que quisesse segura-lo em um primeiro momento, no segundo você queria o deixar ir de fato. Você quis dar a ele ou ela as asas que queria para si mesmo. Você até prometeu em seu subconsciente que se a vida decidisse fazê-los se reencontrar, você seria ainda mais grato. Mas, por ora, só o que pode fazer é ser grato pelo ponto final, mas não vendo-o como literalmente foi: um fim abrupto daquilo que você jurava que duraria a eternidade; mas, sim, como todos os fins devem ser encarados: liberdade. Não que relacionamentos devem ser privados, que você deve ser preso àquela pessoa e fim de papo. Mas é uma liberdade de espírito, uma leveza, uma chance de se reinventar. Uma liberdade que tira de você pessoas que talvez pesassem sobre o seu corpo e coração e fizessem você ser aquela pessoa repleta de aspectos negativos. Liberdade para mudar; a casa, a aparência, o pensamento, o coração. A liberdade que dá a você o que você mais queria, só não tinha certeza: tempo para se reconstruir e se redescobrir. 
E da forma que existem diversos tipos de relacionamentos, também existem os diversos tipos de término. Muito embora isso, você pode tirar as partes boas de todos eles. A sua experiência, o seu aprendizado e as coisas boas que vocês cultivaram juntos ficarão para sempre na sua memória. Pode ser que o tempo passe e você ainda ame aquela pessoa e sofra todos os dias de saudade daquela convivência que vocês tinham. Mas também pode ser que você olhe para trás e agradeça por ter vivido aquilo e por estar no passado, pois só assim para aprender de fato como lidar com o que está por vir - mas essa parte nós deixamos para outra carta.

Nota: Gostaríamos que todas as pessoas do mundo que acreditam que encontraram o amor de suas vidas estejam certos quanto a isso. Mas também gostaríamos que, se calhar de haver alguém errado, esse alguém possa ver o fim como um recomeço para si e torcer para que seja feliz, assim como a outra pessoa que se foi. Que haja tudo, menos o medo de se entregar e de ir quando preciso for. E se for para ir, vá com a certeza de que não irá voltar. 

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