Meu porão, 11/Out
          O quão fiel eu consigo ser? Até onde vai a minha coragem? Onde eu posso chegar querendo e desejando tudo isso? Não estou falando de fé em Deus ou qualquer divindade. Não falo de fidelidade em um relacionamento ou sinceridade para quaisquer perguntas não necessárias. Eu falo de mim. O quão fiel eu posso ser á mim mesma, sabe? Eu tenho coragem de ser quem sou? Eu, na minha mais pura e transparente face, gosto de ser quem sou? Essa sou realmente eu? Talvez eu tenha me perdido em algum beco dessa cidade minúscula. Estou fazendo o máximo pra viver minha vida, mas o que tem de errado em mim? É o meu cabelo que cortei escondida no banheiro do meu quarto? (Ninguém desconfiou, exceto quando viram a desigualdade dos fios.) Ou é a minha magreza excessiva e os meus medos em relação aos padrões da beleza?
          Não sei qual será o meu fim. A minha fé em todas as coisas tem sumido aos poucos. A minha fé em mim, que é a fé mais importante, tem sumido aos poucos. Talvez ela já tenha se dissipado. Não consigo mais ser eu de dois anos atrás. Não faço nada por mim. Ou até faço, sabe? Faço aquilo que dizem ser o melhor pra minha vida. Todos tem cuidado demais dos meus problemas nos últimos tempos, mas eu... Eu que deveria segurar essas rédeas! Eu que deveria estar tomando conta de tudo. Essa é a minha vida. Essa é a minha fé. Se não puder ter fé em mim, no que mais eu poderei acreditar?
          Tenho sido fraca durante tanto tempo. E essa minha fraqueza toda é um grande problema. Pensei que quando eu estava obesa, beirando doenças causadas pela péssima alimentação, eu não pudesse ir á lugar nenhum porque era totalmente excluída de qualquer padrão. Contudo, agora que emagreci, me sinto mais deslocada ainda, pois não sou eu que vos escrevo. Não sou eu que sinto o que essa pessoa aqui consegue sentir. Eu sei que não sou eu. Não consigo ser eu. Eu tinha fé de que tudo poderia mudar, mudar pra melhor. Então por que me sinto tão vazia? Por que, sua grandessíssima idiota, tudo continua ainda mais opressor? Se eu não sei responder ás minhas próprias perguntas, é porque não sou eu. Aonde foi parar a minha fé em mim? Só queria poder me entender antes que fosse tarde demais.
Em busca da minha fé,
Jessie.

N/A: Esse diário foi como um tapa na cara. Mostrou-me o quanto eu sou egoísta em pensar que meus problemas são maiores do que todo o resto do mundo. Com certeza não são. Entretanto, de uma coisa eu sei: nunca teremos um fardo maior do que o que podemos suportar. Tudo tem um jeito... E acho que acabei de encontrar a minha fé. xoxo,


 

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