Rio de Janeiro, 10.03
              Briguei com minha melhor amiga. Na verdade, isso já faz um tempo. Mas agora isso tá martelando na minha cabeça de uma forma que eu não consigo controlar. Não foi uma briga qualquer. Foi daquelas que me traz a certeza de que nunca mais quero falar com ela. Foi desleal, mentiu! Isso não. Isso não quero nem á dez metros. Ouvi boatos de que ela fala de mim para outras pessoas. Fala que sente falta da nossa amizade, e da confiança que tínhamos uma na outra. Mesmo assim. Não quero mais alguém como ela na minha vida, apesar de ter marcado tanto. E está martelando. 
              Está martelando por que, por causa dela, eu briguei com outras pessoas. Briguei com um dos únicos amigos homens que tenho/tinha. E eu sinto falta das nossas conversas, das nossas brigas bobas e dos risos. Ele parecia ser o único que me entendia, e que ainda assim, tinha outras opiniões. Tinha o que dizer quando eu precisava ouvir certas coisas. E meus amigos ainda são muito queridos, sim. Os amo muito. Mas eu tenho saudade dos que deixaram de ser. Tenho saudade de uma pessoinha especial, também. Meu coração bate mais forte quando penso nele, sabe? A respiração fica ofegante, e o choro vem até a garganta. E eu que pensei que estava com tudo sob controle. Acabei me perdendo. Me perdi dentro de mim
              Eu não sei o que fazer. A amiga que eu briguei, desta não quero nem saber. Do amigo que não fala mais comigo, em breve, talvez eu volte a falar com ele. Os meus outros amigos... Continuaram sendo meus por que são eles que estão me ajudando a seguir em frente. Mas e a pessoinha? Está morando em outro país. Tem outras garotas com ele. Eu vejo fotos. Eu leio frases. Eu sinto meu coração partir-se cada vez mais cada vez quando penso que eu nunca vou tê-lo. E eu odeio dizer 'nunca'. Acho que esse termo é uma forma de me fazer limitada, e eu odeio me sentir limitada. Ainda assim, estou bastante perdida. Estou, acima de tudo, carente. Morro de saudades, de uma pessoa que nunca chegou a ser minha de verdade. Me sinto um lixo por isso. 
              Eu sou cheia de complexos. E um pouco bipolar também, talvez, mas não no sentido doentio da palavra. Posso dizer que o amo agora, e amanhã... E aí eu penso que a gente pode até se encontrar, talvez, um dia. Se bem que... Não. Ele tem a vida dele. Eu devo ter a minha também. Para amar ele, eu dei tudo, e mais um pouco. Soltaria um mundo para segurar sua mão. Daria de tudo para fazer seu sorriso se abrir e seu olho brilhar. Eu viraria minha vida o lado avesso para ser dele. Porém, não é possível que tenha apenas ele na face da Terra! Não conseguirei esquecê-lo na mesma facilidade que me distanciei de minha ex-melhor amiga. O problema é que ele é daquelas pessoas que pensamos ser nosso complemento, nossa cara metade, feito pra nós, sabe? E eu sinto que ele ainda pensa em mim. Que tola! Talvez ele nem lembre mais meu nome, e talvez eu seja a garota mais idiota que existe. Eu quero esquecê-lo. Conseguirei arrancá-lo aos poucos, nem que seja á força. Caso eu não consiga... Bem. O jeito é continuar criando um mundo paralelo, o qual consigo ser aquela Lídia perfeita que eu tanto sonho em ser; estando ao lado dele, é claro. 
              
Com dor no coração, Lídia Medeiros

Nota: Mais um diário, pois estamos tentando resgatar o tempo perdido. Após ler o diário de Lídia, confesso, estou chorando muito. De alguma forma, eu consigo sentir o que ela está sentindo. Lídia, quer vir chorar comigo? (As assinaturas estão prontinhas! E lindas, claro.) xoxo,

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